Volta e meia me pego meio vagando meio pensando de quando teria sido o meu primeiro banho de sauna em Penedo RJ.
Nossa infância e pré-adolescência por aqui ,entre irmãos, primos e amigos( nas fotos, aparecem alguns dos menores com meu pai
e alguns maiores em pose de atleta), foi sempre tão cheia de diversões e novidades para um menino da cidade que, embora tenha várias recordações sobre sauna, encontro alguma dificuldade de lembrar com detalhes do meu primeiro banho de sauna.
Foi alguma coisa entre 1955 e 1957 e certamente envolveu muitas emoções e ansiedade.
Meu pai era um aficionado por sauna e massagens dos finlandeses e, nesta época, ainda não possuíamos casa na colônia.
Nossa família se hospedava na pensão da Dona Lisa ( foto acima) e Toivo Uuskallio e eu e meus irmãos mais novos precisávamos ser convidados pelo meu pai para ir ao banho de sauna. Era meio que um ritual para adultos, pelos menos na pensão, ou assim eu imaginava.
Lembro-me muito bem desta sauna, e da longa distância (uns 50m) até o rio para onde todos corríamos fumegando e muito vermelhos para um bom mergulho. Era ótimo.
Quando meu pai comprou nossa casinha na colônia, ainda sem sauna própria, passamos a freqüentar as saunas dos vizinhos finlandeses, naturalmente se convidados fôssemos, o que sempre acontecia, pois meu pai se dava bem com todos.
Lembro bem do Aimo, do Reino, do Sipila, do Ampulla, do Suni, do Rauno, do Mauno, do Ossi, do Virkelle. Todos tinham nomes bem diferentes para mim. Acho que é fácil concordar, não é?
Já nos anos 60 algumas saunas públicas e pagas surgiram sendo que lembro bem das do Bertell e do Mauno Jordan. Todas muito boas e com direito ao mergulho no rio, naturalmente. Aliás, sauna sem rio não era sauna.
O tal banho de sauna era de um ritual tão diferente que eu apenas ficava observando e escutando a conversa dos mais velhos em torno da temperatura ambiente (falavam em 120, 130 graus Celsius e eu ficava a pensar o significado daquele número dentre outros assuntos, e dos preparativos para a corrida ao ribeirão mais próximo onde nos refrescaríamos nas águas límpidas e geladas do Ribeirão das Pedras( foto mostra um trecho do rio em frente a casa da Da. Hillia) e era quando eu me sentia mais adulto. Não podia comportar como criança, pois corria risco de não ser convidado na próxima.
Para os adultos não faltava uma cerveja gelada em geladeira a querosene, pois naquela época ainda não tínhamos luz elétrica, e pão preto com salame. Isto certamente era só para os grandes.
Para os miúdos lembro-me de coca cola. Estou certo?
Hoje a sauna tem que ter um cheiro de eucalipto, para fazer lembrar o aroma produzido pelo hábito de tomarmos uma sova, acho que era para abrir os poros e incentivar o suor, com os ramos feitos com galhos e folhas do eucalipto que íamos colher um pouco antes da hora do banho, que quase sempre acontecia em torno das 17 horas.
Mas o cheiro de sauna que realmente me vem à memória é inimitável, eu acho, nos banhos atuais. Era uma mistura de madeira meio defumada com um vapor meio cheiro de pedra e meio de fumaça, resultando em um aroma bem marcante que entendo ser o da verdadeira sauna finlandesa da colônia. Era muito bom!!!
Sauna tomada, nós voltávamos então para casa todos ainda meio vermelhos, os pequenos menos sujos, apesar de sermos bem esfregados com bucha e sabão e muito escaldados. Nesta noite dormiríamos pensando quando meu pai ia deixar que, novamente, o acompanhássemos neste ritual tão diferente e gostoso.
Para aqueles que queiram conhecer um pouco mais sobre sauna , recomendo a leitura do livro de Timo Aaltonen, filho de um dos primeiros imigrantes e especialista no assunto , denominado SAUNA FINLANDESA, história, rituais e construção ( Editora Edicon www.edicon.com.br ).
Se por acaso você nunca tomou uma sauna, então venha a Penedo e conheça um dos cem prazeres da vida. Os outros noventa e nove sugiro que cada um faça a sua própria relação.
Até uma próxima aventura ...